Pois...

Hoje, mal entro em casa, o Francisco pede-me para ir ver uma super construção em lego que ele tinha feito. Depois de elogiar o trabalho do pequenote, ele diz-me de lágrimas nos olhos "Isto faz-me lembrar quando eu era mais pequenino e fazia legos com a mãe", eu: "Tens saudades?", ele diz que sim com a cabeça e dá-me um abraço, "Agora nunca dá...". Fiquei sem palavras, agarrei-me a ele e ficámos ali, abraçados, a chorar, não sabia o que lhe havia de dizer, demonstrou ter falta de atenção, talvez seja verdade. As vidas estão muito complicadas, os empregos, os horários, as coisas em casa para serem feitas, o estudo, os amigos, o tempo para nós próprios; todos nós temos inúmeras preocupações, o problema é deixarmos aquilo que realmente amamos para segundo plano. Pior, só nos apercebermos disso depois de as coisas acontecerem, foi preciso o pequenote mostrar que sente a nossa falta. Uma chapada sem mão, doeu... e não foi pouco!

Depois largou-me e pediu-me para amanhã ir à festa da escola, que até tinha uma surpresa preparada. Escusado será dizer que fui incapaz de referir que tenho dois exames para a semana e muita coisa para estudar, em tão pouco tempo , era incompreensível para ele, estar a acabar de demonstrar que nos quer mais presentes e eu dizer-lhe que não. Amanhã lá estarei, de máquina fotográfica ao pescoço e orgulhosa do meu irmão, quer seja para o ver fazer dancinhas , a cantar ou a fazer algum teatrinho.

(acabou de vir aqui ao quarto pedir ajuda para escolher a roupa para amanhã vestir. Cheira-me que está cheio de borboletas no estômago, nervosinho pela festa do final de ano)